domingo, 22 de março de 2015

Podemos nos colorir.


A estranheza de seu mundo preto e branco com os famosos tons de verde que você costuma vestir me atiçaram, despertaram a curiosidade de meu mundo que estava se colorindo. Uma simples conversa e sorrisos sem jeito construíram uma ou duas conversas longas onde você fazia questão de se aproximar se escondendo, exatamente como eu costumava fazer.
Sinto a frieza infantil de suas palavras camuflarem o homem que existe atrás do menino que você aparenta ser, e a forma com que tenta esconder as suas maiores fraquezas: exibindo-as.
Essa não foi a primeira vez. Da última, me fiz de refúgio quando queria ser refugiada, e apaguei as minhas cores para colorir-me do cinza brilhoso daquele que eu jurava me fazer feliz. Mas não fazia.
Ficaram os resquícios daquilo que construí, e estou recolorindo com a maior suavidade e lentidão gostosa possível.
E dessa vez foi diferente.
Não precisei apagar os meus tons, mas eles caíram bem nas palavras que trocamos, e sei que percebeu, porque me acompanhou com os olhos até a saída. Foi apenas uma troca de olhares curta, logo desistimos, pois sabemos que ainda temos o preto e branco triste e fraco, que nunca nos abandonará.
Essa fraqueza, esse suor frio que nos diz: “não faça, você não é o suficiente”. Aquele apertar de mãos, o arrumar do capuz, o arrumar das mangas que nós temos a total certeza de que pode nos esconder... E não podem. Eu larguei as blusas de frio, mas não sei se percebe:  não consigo olhar nos seus olhos e aperto minhas mãos desejando as minhas queridas mangas para puxar. Já você, consegue me olhar nos olhos, desde que esteja escondido.
Os outros não nos enxergam, mas sei que eu te enxergo. E não preciso que me enxergue.
Às vezes eu queria te dizer com toda a minha inocência que é possível se recuperar de tudo isso. Que os tons mais escuros podem ser esquecidos pelo destaque dos tons mais vibrantes. E eles são conquistados aos pouquinhos, devagar.
E, se me deu um voto de confiança, conseguiria me ouvir mais uma vez.
Não é amor, muito menos paixão. Eu não o imagino diversas vezes e muito menos sonho em casar com você. Eu só sei que quando os nossos mundos se colidiram, houve uma conexão que me deu vontade de te dizer: fica. O nosso cinza se destaca tanto, mas posso te ajudar a colorí-lo. Da mesma forma em que você pode continuar a minha pintura.
E no fundo, eles não nos enxergarão. Mas nós nos enxergaremos. De longe. Eu olhando pra esquerda, e você para a direita.
Nós somos tão novos, né? Tão bobos. Medo do mundo. Medo das pessoas. Medo de nós mesmos.
Mas olha: eu juro que aprendi a mandar esses medos embora às vezes.
O vi indo embora. Não disse nada, porque não havia nada a dizer. E sabemos que nada continuará. Nada. E é assim que eu sinto mais um pouco da sua euforia.


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